terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Neste verão

Faz algum tempo que elaboramos alguns sistemas para as regiões da Pampa.
Desde observações e diálogos com os campeiros temos construido conjuntos de conhecimento para nestes momentos á campo! podermos dar conteudo aos debates.
Um destes sistemas é o de pastagens naturais e aconteceu na propriedade do Chico num lugar chamado Aberto do Cerro passando Cacimbinhas ou melhor Pinheiro Machado pela estrada que leva a Jaiba.
Se vai para perto do Rio Camaquã!
O Chico tem um gado que se alimenta exclusivamente de campo nativo e a sua subsistência está diretamente relacionada ao desfrute deste rebanho.
Neste experimento delineado pela Embrapa de Bagé, no projeto Alto Camaquã foram mapeados e diferidos os potreiros próximos a casa, cercados com cerca elétrica, eles abrangem um pouco de coxilha mais alta e um pouco de varzea ou banhado mais húmido. Neste processo foram espalhados em cada divisão Pó de rochas -Geobacter- e noutra fosfato natural além de um terceiro sem nenhuma aplicação além de calcáreo faixa C, usado como testemunha.
Enquanto passeavámos pelos campos o som dos pastos secos estralando nas botas dava o ton da conversa.
Apesar de que o mais saliente e próspero no campo eram os gravatás uma planta parente das cenouras e que quando arrancamos tem cheiro de cenoura, mas indesejável por ser cheia de espinhos e atrapalhar o gado no pastejo. A primeira diferença estava estabelecida, no campo onde foi aplicado o fosfato também havia gravatás, mas estavam pequenos e esmaecidos quase cloróticos, enquanto que na parcela com geobacter estavam com as bordas brilhantes, avermelhadas, verde azuladas e enormes os pendões florais desta Espécie:
provavelmente Eryngium horridum Malme da Família: Apiaceae, com mais de dois metros de altura.
Outro aspecto é de que nos potreiros mineralizados, sim com minerais circulando e fazendo crescer em diversidade e vigor os pastos e a vegetação, as gramas forquilha e os pega pega tem uma testura mais grossa e ao mesmo tempo macia aveludada com uma cor clara nas folhas novas e azul esverdeada nas maduras, mas a sensação de pisar em uma pastagem que apesar da seca se encontra verde é muito instigante.
Muito diferente do quadro com fosfato pois os pastos neste estão inteiramente ressequidos e quebradiços. Quando ao potreiro deixado como testemunha estava rapado e sem vigor algum, como o restante na volta. Esta é uma primeira impressão sobre o metabolismo dos pastos enunciado por André Voisin, o pasto esta hidratado apesar da seca pois o resultado final da biomineralização é água, ou seja há uma reidratação no sistema, ao contrário do fosfato cuja equação quimica leva ao solo perder água e consequentemente uma desidratação.
- Simples assim, porém tem mais!
Como os animais fazem um ciclo de nutrientes levando o que consomem dos banhados para a coxilha e assim quando estercam fertilizam os altos e quando urinam hidratam os lugares secos, mas com o metabolismo dos minerais do geobacter há um circulo virtuoso de formação de compostos poliméricos agregadores de carbono e gerando um déficit de energia ou seja há um resfriamento do solo, com uma diferença de 5° graus de temperatura com relação ao entorno. Assim temos mais pasto e os animais apresentam a pelagem brilhante, além das vacas preferirem estes potreios por serem os pastos mais frescos e tenros além de mais doces pois o brix é maior chegando ao dobro algo em torno de 12 graus de doçura ou sólidos totais resultando em maior densidade. Nisso se pode tirar a partir do depoimento com realação as vacas do potreiro que fornecem leite de qualidade no inverno todo, fazendo a fama da melhor rapadurinha de leite da região.
Assim neste verão a seca foi vencida nos fundos de Pinheiro machado nos Campos do Alto Camaquã casa do Chico.