quinta-feira, 31 de maio de 2018

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

domingo, 12 de novembro de 2017

biocasa tratamento dos tocos

tratamento de tocos em casa de barro no vale da forqueta em maquiné. Sitio do Vicente. 

sistemas aquáticos.

Sistemas aquáticos, frutiferas e lavouras em pastiçais e capoeiras!
 ensaio de abundância num assentamento de reforma agrária  Rubira!

Quando na infância, década de 70 morava em Gravataí, cidade industrial, dormitório na periferia de Porto Alegre as famílias reuniam se em volta de um lago com pedras para lavar roupas e na baixada de uma bica de água corrente onde tinham tanques dispostos em nível e as mulheres assim faziam suas limpezas em horários que os homens não podiam frequentar, somente nós as crianças ficávamos brincando com os peixinhos que aos cardumes subiam nas valetas para comer os restos das fraldas de panos e os grãos de arroz que saiam das panelas de molho. Era um lugar onde ainda o saneamento Estatal não tinha chegado e as águas abundavam no lugar recém ocupado.
As pessoas em geral não sabiam ler ou escrever mas tinham inteligência e sabedoria das coisas da vida, principalmente o valor da água puxada de balde.
As casas foram aumentando, as ruas asfaltadas e chegou o encanamento de água, para surpresa e espanto as famílias transformaram os poços cavados em fossas negras, dejetos atirados direto nas águas, pois veio o encanamento da água mas esgoto não. Triste pois na crença de minha mãe, bugra semianalfabeta , água tem espirito sagrado, já o velho teimoso de Livramento cidade de fronteira, frequentou as periferias de guerras e desconfiado não adotou o sistema, alegando não confiar no sistema de águas. Tinha  pra mim que isso era vergonha e nunca entendi não termos água da CORSAN e os vizinhos de descendência de origem "italiana e alemã" tinham banheiro com privada e nós não. Afora os arroubos violentos do velho brigando eventualmente com os instaladores de água da empresa publica, nunca deixou colocarem a espera de canos na frente de casa. Continuamos com o poço de 15 metros calçado de tijolos maciços, que eventualmente eu tinha de descer para limpar, era uma diversão trabalhosa de dois ou três dias, com bomba puxando água e as vertentes borbulhando. Minha pequena sabedoria nasce aí, as águas estão em baixo, as melhores vertem geladas e tem sabor e cheiro. Enquanto isso na Escola aprendia que as águas são insipidas e inodoras e que podem ter germes e doenças, sendo as melhores tratadas com cloro, ainda não existia água engarrafada na periferia!
Então um verão de  1977 de estiagem prolongada um vizinho veio buscar um balde de água, ao final da tarde uma fila enorme se formou, o velho por suas convicções não vendeu nem um balde, mas nada mais que um balde era fornecido. Minha sabedoria hídrica cresceu um pouco mais na certeza de que ter água é ter PODER.
-Buenas! agora no século 21 anuncia se a crise da água, a Síria sendo bombardeada enquanto seus poços milenares secaram pela vampirização dos projetos do agronegócio, a URSS secou um lago pra plantar algodão e o Brasil desviou um Rio, o São Francisco, vários rios declarados mortos como o Tietê em São Paulo, o Sinos em São Leopoldo e o Gravataí, agora na Bahia em Correntina as pessoas destroem bombas de pivôs que secam o rio, e São Paulo a maior cidade do continente vive em racionamentos, o cerrado um Bioma com nascedouros gigantescos está secando e perdendo sua capacidade de manter se hidratado.
Quando vim para o latifundio da Rubira em 2001 percebi esta paisagem agreste da serra das asperezas como se parece bastante com a borda dos ANDES na pré cordilheira, vegetação baixa de anarcadiáceas e mirtáceas, além de árvores espinhentas como a coronilha o molho nos campos as carquejas e miomio, além da maria mole, senecias, espécies venenosas e amargas. Os solos rasos próximos as rochas, as queimadas e o pisoteio do gado tornaram este latifundio improdutivo e assim numa luta de três anos o MST ocupou este lugar com 79 familias.
Nos instalamos próximos as fontes de água e em meio a disciplina de acampado racionalizamos o aprendizado de uso das águas, um balde por barraco e banho de caneca ou chuveiro de lata, com a água aquecida na chapa do fogão de barro, nosso gipão, este aprendizado de acampado nos fortalece e nos dá a disciplina necessária a nova vida de agricultor sem terra.
Daí advém o contexto e antecedentes do que proponho!
As coxilhas aqui possuem elevações de 20 até 50 metros em declive suave de até 30 graus, os solos rasos de até 20 cm possuem um subsolo de saibro de aproximadamente 2 metros até a rocha. As águas brotam de fenda e afloram em olho de boi, pequenos sumidouros no campo que eventualmente as vacas ficam atoladas em trágicas épocas de inverno. Iniciei a  construção de pequenas barragens de 50cm até 1,5 metros, nas vertentes. A medida em que estas foram estabilizando encheram se de vida áquática principalmente sapos , rãs e pererecas, além de peixes como lambaris e trairas afora os jundiás e muçuns,  sugiram ou intensificaram os nascedouros crescidos pelos lagostins que mantém as águas em nível nas coxilhas, talvez o ser mais entendido do principio dos vasos comunicantes, logo as garças e biguás também passaram a viver aqui assim como os bem te vi  e as abelhas que bebem muita água também. Com o passar dos anos as coxilhas estão cheias de água, mesmo nas piores estiagens as nascentes mantiveram o fluxo constante embora diminuído, então é isso armazenar água na coxilha simples assim.
Como referência da diferença desta atitude com as águas cito o caso de nossos vizinhos que necessitam de caminhão pipa nos períodos críticos de seca, um de seus erros está em perseguir ás águas, cavando cada vez mais fundo, em vez de elevar o potencial hidrico, esgotam as reservas. Soma se a prática de lavrar as terras no entorno de forma que cortam a diferença de potencial e a capilaridade, além do corte indiscriminado até os topo de coxilha das árvores, que mesmo aparentemente retorcidas e imprestáveis, seguem fazendo o papel de vida ativa em meio aos cascalhos e rochas. Nesta região os ventos , estamos paralelo 31, são intensos e toda água livre rapidamente é levada, ficando tudo ressecado, esturricado, em três dias, somente os quebra ventos nos quatro lados, norte, sul, leste e oeste dão sossego a vida campestre.
Agora intensifica se a invasão dos sogeiros, agronegociantes  e além do ressecamento das coxilhas pela destruição da vegetação campestre o envenenamento do sistema com a morte dos insetos e plantas, a biodiversidade Pampeana possui tamanho menor, tudo aqui em comparação a mata atlântica e amazônica é menor, mas por outro lado temos locais com mais de 50 espécies em metros quadrados de campo. E´este  é o crime que está sendo cometido, tudo dessecado e morto por uma ganância e lavagem de dinheiro, pois só isso justifica colherem 1 saco por ha de soja transgênica. avanço e tomada de território, desertificação e em meio a tudo isso a tragédia invisível da perda de ambiente.
Por outro lado, se num raio de 4 km, está acontecendo esta tragédia, aqui tenho 23 ha de pitangueiras e  amoras em frutos, floradas de diferentes espécies em sucessão e águas vertendo e alimentando os banhados, torna se este lugar um refugio e intensifica se a atividade de nidificação e cria dos filhotes, com água nas nascentes as espécies conseguem se manter e penso que assim, num momento propicio, depois de passar a febre especulativa e houver terminado este ciclo de destruição´`a vida prevalecerá. Em alguns lugares no Norte do país os assentamentos do MST tem como prerrogativa serem ambientes livres de agrotóxicos, são poucos e enfrentam contradições e interesses corporativos, em alguns lotes, conheci valentes guerreiros que não se sujeitam as mentiras de agronegociantes, nestas comunidades está acontecendo AGORA o verdadeiro aprendizado para o século 21.
Proponho assim que aqueles que tiverem vontades e forças vão fortalecer estes que fazem ocupação com o verde nestes desertos por tudo envenenado,  junto lutar em luta ferrenha e desigual,  luta de natureza, de certeza de triunfo que virá ! pra que em nossas fogueiras de tenhamos com certeza terra livre, batata assada e pinhão na brasa e um pedaço de presente assando um futuro enraizado no subsolo da gente, pra gente operária e camponesa, ribeirinha, mateira e pescadora sob a luz das estrelas a vida triunfará.   
Dedico este relato aos amigos solitários e amantes dos cantos de pássaros, que embora tristes pela destruição tem atitudes de paciência e carinho com a terra e aos seres, que assim vamos triunfar com sementes, águas, pássaros e todos animais que buscam guarida neste lugares de luta e resistência.



Jaime Carvalho
Piratini,assentamento Rubira, 12 de novembro de 2017.   
                            

quarta-feira, 22 de junho de 2016

segunda-feira, 7 de julho de 2014

SendaViva, tecendo redes: Obah Hostel Bar

SendaViva, tecendo redes: Obah Hostel Bar: O convite foi feito. E dessa vez só seria aceito se fosse do nosso jeito: BIOCONSTRUÍDO. Uma proposta inovadora para um Hostel no Moinhos d...